Confissao

Quando eu trabalhava na PwC eu vivia reclamando que eu nao tinha tempo pra nada, que a vida era muito corrida e que vida boa eh ficar em casa.

Galera, MUDEI DE IDEIA! No trabalho, em dias super corridos eu ainda conseguia sair pra almocar num lugar agradavel e bater papo com alguns bons amigos. Por mais que os prazos para entrega dos relatorios fossem apertados eu ficava feliz qdo conseguia entregar tudo a tempo. O desafio dos trabalhos mais dificeis era um paradoxo de alegria e desespero, assim como as promocoes e o consequente aumento das responsabilidades. Mesmo super cansada eu tinha que acordar cedo e me arrumar. Nunca fui muito fa de frequentar salao de beleza mas estava sempre com cabelo e unhas aceitaveis. Mesmo quando parei de trabalhar para me dedicar exclusivamente aos estudos minha rotina nao mudou muito. Troquei o terno pela calca jeans. Mas confesso que era muito mais dificil manter a diciplina de estudos do que trabalhar fora. Passar o dia todo estudando (sem enrolar!) e nao falar com ninguem, alem de ser extremamente solitario eh muito dificil. Mas ate que me adaptei bem a essa rotina. Acho que o fato de adorar livros me ajudou bastante. Sem contar com as minhas amiguinhas bibliogirls que me ensinaram muito sobre essa vida. Quando eu vim pra Suecia as coisas ficaram mais dificeis. Posso dizer que o Jorge passa metade do tempo aqui e a outra metade viajando. Mesmo quando ele esta na Suecia ele passa 8hs no trabalho. Assim, tenho que cuidar da casa, louca, comida, roupas, jardim, mercado, organizar as correspondencias e resolver toda a parte burocratica sueca e brasileira. Eh uma maratona e meu almoco eh sempre improvisado e super rapido. Trabalho 24hs por dia em coisas incrivelmente chatas, sem nenhum apelo mental e nao tenho salario, nem ferias, nem beneficios no final do mes. A parte do salario nao me chateia muito porque o maridao me enche de presentes e mimos. E eu tenho uma cartao de credito que o Jorge nunca reclamou de 1 centavo gasto e posso me dar ao luxo de frenquentar alguns cafes do centro de Gotemburgo e comer deliciosas tortas de frutas. O Jorge ajuda bastante, mas ele ja fica tanto tempo fora que tento manter a geladeira sempre com bom estoque de comidas gostosas e resolver tudo durante a semana para que final de semana possamos aproveitar a casa limpinha, a grama cortada e alguma comidinha especial (ja preparei quase todas as receitas do livro da Nigella). Alem disso ele nunca reclama de nada. Nem todas as comidas ficam muito boas (comecei a me aventurar na cozinha ha pouco tempo) mas tudo eh comido com o mesmo prazer. O lugar de roupas para passar virou praticamente nosso armario mas o Jorge sempre arruma algo pra vestir (acho que ainda tem alguns resquicios das roupas passadas que trouxemos do Brasil).

Entao essa postagem eh porque preciso confessar que apos esse tempo morando aqui eu passei a respeitar muito as donas de casa. Que saudade de sair de casa e daixar a cartinha com os afazeres para a Zezita. Ela ia la em casa 1 vez pro semana. Nao dava pra fazer tudo mas mesmo assim ajudava bastante - deixava as roupas passadas, fazia uma feijao e arroz e limpava a casa.

Para quem pensa que ser dona de casa eh facil mando um desafio: se desfaca da sua empregada, passadeira, diarista. Jogue fora todos os telefones de restaurantes que entregam em casa. E nada de jantar fora heim! More numa casa de 2 andares, 2 varandas e 2 jardins. Tenha um marido esfomeado (dessa parte eu gosto hehehe) e que volta das viagens com uma mala de roupa suja (dessa parte eu nao gosto). Se apos 1 ano vc nao tiver louca para voltar a trabalhar fora, meus parabens! Vc provavelmente eh muito mais evoluida do que eu! kkkkkkkk Bem, confissao feita, preciso voltar ao batente! Beijos em todos Carol